sábado, 20 de abril de 2013

Continuando o Nada


No vazio do nada...nada.
Palavras vazias são nada,
corpos mineralizados,
            silenciados
nas suas carcaças.
Palavras-corpos,
em que silencia a fala,
no vazio da noite,
no vazio da sala.
Rumores, enganos,
vocábulos ciganos,
criam-se em suas raízes,
               dispersam-se
em cicatrizes.
Versos dissonantes
e letras que fecundam
             significados,
silenciosos, silenciados,
nati-mortos no parto,
no vazio da noite,
no vazio do quarto.

As pessoas...desaparecem,
     mortas ou vivas,
umas descem no caixão
de madeira escura
ou de madeira clara,
enterram-se nos campos,
engavetam-se nas campas,
            ou no fogo 
dos crematórios
   são queimadas,
e após espalham-se
em cinzas, desfiguradas;
outras, se evaporam
                  no tempo,
na fotografia,
           na memória,
apagam-se-lhe os traços,
  a cor, a voz, os braços.
e ficam no imaginário,
que também se desfaz
              com o tempo.
As pessoas...desaparecem,
      mortas ou vivas,
      e ficam repletas,
na incompletude
de quem as invoca.
As pessoas sem rosto,
    sem celular,
    sem endereço,
    sem corpo,
    semi-vivas,
    semi-mortas,
são recriadas,
para se lhes dar
uma nova forma
uma nova alma
         e espírito,
um novo som,
   uma nova cor,
um novo grito.

...............................

Palavras e pessoas
ocas em suas verdades,
são corpos
que se mineralizam
e com o tempo
acomodam-se
em suas campas
             de ar
e de circunstância,
nati-mortas no parto
de suas esperanças,
no vazio da noite,
no vazio do quarto,
no vazio do nada,
  espraiam-se
  desconstituídas,
em debandada  
e se fixam nas paredes,
nas portas, nas ruas,
   nas calçadas.

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Nos levam a pele,
nos trituram os ossos,
nos amolecem os músculos,
nos entorpecem os nervos,
No fim...também,
                      como tudo,
desaparecemos,
e preenchemos mudos,
as palavras vazias,
     de cada noite,
     de cada dia.

Carlos Roberto Husek
 

Um comentário:

  1. Sob pena de ser piegas e clichê, penso que as pessoas amadas não desaparecem...Tornam-se Saudades, acalentadas e ainda assim doloridas, mas maravilhosas e coloridas Saudades, repletas do amor que compartilhamos em vida.

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