segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PoÉtIcA


V 
   a   V
         a
       e,    l
                e,
    embaixo
entre árvores
 en
    tre
        ár
           vo
               res
uu...mm  rr..ii..oo
en
    uu...
         tre
             mm...
ár
    rr...           
         vo
              ii...
                  res
oo...
Afundam 
     nas águas
b
   o
    o
        olhas
e o reflexo
da lua que
fluuuutua
flutuuuuuuua.
Estou só,
apegado
à imagem
  nesta
paragem,
parada no ar,
cibernética
hermética,
e envio
    tudo
pelo blog,
caia
onde c
           a
             i
              r.
Que o vale
   e o rio
estão dentro
do meu corpo
  eCH
f        aDO
 núcleo,
 célula.
que aos poucos
se avulta,
              e
           c
         s
       e
     r
   c
e sai pelos
  olhos
  como
uma lágrima
e explode
em pequenos
  c..a..c..o..s

Carlos Roberto Husek
  


    
           

 
 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Circunstâncias


Eternidade,
     nas palavras,
nos gestos,
           no olhar
imaterializados
pelo tempo.

Palavras
que sucumbem
aos verbos
da cidade.

Gestos
desenhados
que se perdem
na solidão
dos quartos. 

Olhos
que divisam
transparências
nas cortinas.

Um mendigo
     das palavras,
dos gestos,
       dos olhares,
pede nas esquinas
       as sobras
da comunicação
e deixa o sol
iluminar-lhe
          o rosto,
e o vento
   fustigar-lhe
            a pele,
e a chuva
umedecer-lhe
          os lábios.

Agachado
     nos cantos,
observa as formas
    de eternizar
    a vida.

Carlos Roberto Husek

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Duplicidade


Tenho em mim
      um mendigo
que ficaria décadas
      nas calçadas,
e um rei
sendo servido
        em bandejas
de prata.

Pego-me às vezes
           imaginando
conformado
     a tais destinos...
Ser o rei
com seu séquito
    de servidores
e de repente,
assim que desse,
     e quando,
tornar-me o mendigo.

Tenho em mim,
                 creio,
um grande Deus
e um pobre diabo
neste mundo 
         de recreio.

Hoje...

Estou mendigando,
     a pedir esmolas
em cada esquina,
       e do céu
sobre a minha
             cabeça
cai uma chuva fina.

Carlos Roberto Husek

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Operário invertido


Desconstrução...
Des
     cons
           tru
              ção...
A poeira que sobra
e que se acomoda
na palma da mão,
invade a alma
na decodificação,
e vai emparedando
    os dias
na desilusão,
de reconstruir
o destruído
na des
        cons
              tru
                 ção.

Carlos Roberto Husek

domingo, 1 de setembro de 2013

Operário de mim mesmo


Operário
de mim mesmo,
         construo
com as sobras
do dia anterior,
cada raciocínio
cada sentimento,
           cada dor,
e vou levantando
             muros,
subindo degraus,
torres subindo,
fiz masmorras,
e quartos escuros,
        e em torno
desse castelo,
fortificado,
criei um lago
de águas profundas,
de águas profundas
criei um lago.
Operário
de mim mesmo,
faço cálculos,
grandes projetos,
e desmaio
      soterrado,
pelos blocos
      de concreto.
Carlos Roberto Husek