sexta-feira, 31 de março de 2017
Uma cortina...
Uma cortina
de água,
que se descortina,
e por trás dois olhos
estagnados
e interrogativos
como os de
uma coruja,
espreitam a paisagem
parados no tempo.
São profundos,
enigmáticos,
cismam coisas
que não se traduzem
em palavras,
e ficam no infinito
de seus interiores,
a emitir luzes
para o espelho
da íris,
na linguagem
indecifrável
dos sentimentos.
Lá fora a vida
se desfaz
em risos
e em vocábulos
perdidos,
em um deserto
de impalpáveis
possibilidades,
que mais leves
que o ar
se escondem
no infinito
vazio de íntimos
desejos.
Alguns anéis
de fumaça
de fonte inexistente
criam novas cortinas,
e as pálpebras
se fecham no mundo
dos sonhos.
Internam-se no peito
as sombras
das adversidades
que se constroem
por acaso, no azedume
das circunstâncias
e das interpretações.
A unidade dos corpos
separados, tecida
e amarrada
na eternidade de laços
espirituais que estão
além do tempo,
é a única
verdade absconsa
que a epiderme
disfarça e arrepia.
É necessário
ser simples
para compreender
a complexa
essência da vida,
porque só o coração
pode escrever as linhas
da realidade.
Carlos Roberto Husek
quarta-feira, 29 de março de 2017
A noite choram gatos
A noite choram gatos
e há sombras que dormitam,
encostados nas árvores
existem namorados
que se precipitam.
Agarram-se, beijam-se,
e o mundo basta naquele espaço,
que venham todas as formas
da natureza morta
e dos minerais solitários,
que eles são um só corpo
e um só espírito
em seus próprios campanários.
A noite choram gatos,
ou gritam em particular cio,
que todos se amam
nos interstícios e nichos,
nas dobras dos caminhos,
nas margens das corredeiras,
nas águas cantantes dos rios,
as flores em seus perfumes
os cravos e seus espinhos,
os amados com seus ciúmes,
os pássaros em seu ninhos.
A noite choram gatos
e há sombras que dormitam,
em seculares amores
repletos de exigências e dores,
que formaram pares atormentados
nos corações imaginários
de seus admiradores.
Se a vida é lida e raça e sangue,
se a vida é esforço incontido,
se a vida é um caminhar sobre mangues,
e é sempre um paraíso perdido,
Deus a tudo redime, absolve e aprova
os criminosos de seus crimes,
quando amam a toda prova.
A noite choram gatos
e os enlouquecidos e os insensatos,
e nos espelhos partidos
espelham-se lágrimas dos revividos,
que se lavam na superfície
com suas incompreensões dos fatos,
e se agitam e gritam e choram
............................................................
como se fossem gatos.
Carlos Roberto Husek
domingo, 26 de março de 2017
Uma interpretação gráfica...
................../
................../
................../
................../
................../
................../
................../
................../
................../
Andar, andar,
parar
recomeçar,
andar, andar,
parar.
As barreiras
se repetem,
não há novidade,
mas ainda assim,
prefiro recomeçar
a cada dia,
pontilhando
e atapetando
os caminhos,
em sequência,
linha após linha,
e a trave
que se encontra
ao final
de cada uma delas
irá aos poucos
caindo,
desaparecendo,
e daí em diante
só virgulas,
alguns pontos
de interrogação
para por
as deduções
nos eixos,
e outros de
exclamação,
para a plena
felicidade,
e um horizonte
de possibilidades
e de paz.
........................../
........................../
.........................\
.........................-
..........................
.................,,,,,,,,,
......,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
,,,,,,,,,,?,,,,,,,,,,,,,?
,,,,,,,,,!,,,,,,,!,,,,,,,!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Alegria, aposta,
suavidade,
plenitude
na certeza
de tudo,
e dos fatos,
segurança
e calmaria.
Vida~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~
Carlos Roberto Husek
sábado, 25 de março de 2017
Gostaria de ser...
Gostaria de nada ser
e navegar pura e simplesmente,
tendo sob os pés a madeira rangente
dos barcos judiados pelo sal do mar,
sobre a cabeça um céu profundo
e no horizonte a visão de um azul sem volta,
e assim estar com braços abertos, peito ao sol,
rosto marcado pelas vergastadas dos raios
que queimam de manhã à tarde,
só conversando com as ondas e os peixes
e escrevendo no líquido que bate nos costados,
com a ponta dos remos de madeira envelhecida,
palavras que se perdem de tão amorosas e verdadeiras
que não podem ser ouvidas pelos que vivem
longe nas intempéries dos prédios e das cidades;
não ter qualquer dom ou habilidade,
salvo a de respirar e dizer tudo o que sinto
no palco dessa solidão marinha e absorver o noturno
oceânico de estrelas cheio, até adormecer
embalado por ilusões e sonhos,
marejado pelas bolhas que salpicam das águas
para misturar no abismo do sono, as lágrimas
decorrentes dos sonhos impossíveis.
A vida está dentro de mim, onde tudo navega.
Por isso, posso dizer palavras tão doces
e inúteis, que jogadas ao vento, como sói acontecer,
criam asas e voam acima de tudo e se perdem.
Por isso sou frágil como as folhas soltas
e leve como a brisa, porque não me sinto existir.
Carlos Roberto Husek
domingo, 19 de março de 2017
E necessitamos de tantas flores..!
Olhos que tem o mar
e cujas eventuais ondas
poderiam ficar contidas na base
e crescerem em torno da íris,
escapam de maremotos,
escapam de tsunamis,
porque têm a capacidade
de renovação diante
dos fatos novos que a vida
cisma em apresentar,
e sossegam as horas,
entre espumas.
(e ainda assim muitas águas
surgem de ignotas fontes e formam
fios de águas, que correm
sem percepção, mas que poderiam
se transformar em caudalosos rios)
Não existem areias ou praias,
a placidez das águas
faz absorver as próprias ondas,
e o mar se transforma
em manso e transparente lago.
(viver é um teatro, o teatro é vida
mas sobra após o encerramento
diário das cortinas, uma frustração,
um gosto amargo,
de saber que as portas se abrem
e se ganham as ruas que nos
desenham a realidade)
E a tudo continuará
no mesmo ritmo,
de segunda a sexta,
de semana a semana,
em subordinação aos sentimentos
que constroem diques,
cimentam a paisagem,
(que necessita de tantas flores..!),
dirigem o olhar severo à vida,
e picham muros, paredes,
cadeiras, mesas, corredores,
com símbolos desconexos,
e rabiscos estranhos.
(a indulgência é uma flor...
e necessitamos de tantas flores..!)
Só as próprias razões,
sem condescendência,
satisfeitas da forma
independente do agir.
(e o que nos magoa nos alimenta,
e o que nos alimenta nos trai,
e o que nos trai cava buracos
internos impossíveis de reparação
...e necessitamos de tantas flores..!)
Convulsões internas
de fontes não reveladas
se retroalimentam, à medida
que fluem as lágrimas,
(que quase sempre
escorrem pelas faces
para o fundo do peito)
Olhos com a cor do mar
e com a cor do céu,
repletos de saveiros
e de nuvens prontas
para desaguar
em pequenas poças,
mal sabendo de acúmulos
interiores, de histórias
que sucumbiram ao longo
da vida,
mas que conseguem
fazer nascer o sol
e povoarem a cena do dia
de estrelas.
(quem tem por base o afeto,
tem esperança
de vida, tem cedência,
tem a inconsciente consciência
que tudo é isso, e o resto
somente serve de iguaria
para os desajustes
.................................................
...e necessitamos de tantas flores..!)
Carlos Roberto Husek
sexta-feira, 17 de março de 2017
A magia
Posso dizer
as coisas mais puras
que nunca antes
foram ouvidas.
Posso ensinar
a contar e olhar
as estrelas.
Posso tirar dos bolsos
alguns versos
do momento.
Posso voar
sem asas
e pousar em esferas
distantes.
Posso esquecer
que existo
e sobreviver
às intempéries.
Posso fazer discursos
coerentes
para situações
improváveis.
Posso medir
os diálogos
para que estiquem
ou encolham
se necessários.
Posso como
um camaleão
tomar a cor
do ambiente.
Posso inventar
cartolas
e delas tirar
coelhos brancos
de olhos doces.
Só não posso
penetrar nos cérebros
e nos corações
circunstantes
para deles extrair
o átomo da discórdia,
e o olhar da desconfiança,
que mascara as intenções,
nutre as dores
e instala a doença.
.........................................
Voam os pensamentos
e o coração voa,
e os olhos ultrapassam
horizontes perdidos,
e na noite escura
buscam algumas estradas,
desenhadas pela luz
das estrelas,
mas só encontram
o neon das ruas,
as lâmpadas amarelas
de alguns caminhos,
as portas de ferro
de madeira e vidro,
das ruas da cidade,
o frio das paredes
que sustentam prédios,
e escondem por trás
dos tijolos entremeados,
de argamassas e cimento,
...vidas.
Vidas decodificadas
letras, números,
uma fotografia impressa,
uma indumentária
uma função social,
e as mil palavras
que as cercam entre papéis
e telas de computador.
Mas, como dizia
Fernando,
nos seus 46 anos
de vida longa
e velhice prematura,
"tudo vale a pena
quando a alma
não é pequena"
mas, só os que buscarem
absorver e entender poesia,
que não é dom do poeta
mas de seus leitores
(essa antena que
capta as belezas
e os desacertos
do mundo)
poderão ver
sem ambiguidades
que as coisas verdadeiras
são simples e claras
e delas, por elas, e nelas
vivem os que quiserem
a felicidade da vida,
que só necessita
da plenitude da alma
e da respiração
apaziguada,
aquela que aspira
do ar o oxigênio
e enche os pulmões
de alegria,
(que não necessitam
de explicação)
e não machuca,
e não atordoa,
como não machucam,
não atordoam
e não se explicam
o voo dos pássaros,
as ondas do mar,
as aparições da lua,
a alvorada repleta
de luzes e de reflexos,
o entardecer
que desce suave
no horizonte,
Posso dizer
as coisas mais puras
que nunca antes
foram ouvidas,
só não posso transformar
os corações...
Carlos Roberto Husek
terça-feira, 14 de março de 2017
A vida
Acredito
na palavra dada,
acredito
em seu sentido,
acredito
nos olhos,
acredito
em seu sentido,
acredito
no gesto,
acredito
em seu sentido.
Se assim não for
que sentido
tudo terá?
Os verdadeiros
amigos
dão sua palavra
com sentido
que realmente
esta possui,
fazem-no
com o olhar,
no sentido
que este tem,
e o comprovam
com os gestos,
com real sentido
que indicam.
Todavia a amizade
verdadeira,
aquela que
ultrapassa
barreiras sociais,
e se faz feliz
por estar
e por acontecer,
veste
sob máscaras
a face
que se volta
para a plateia,
e se curva
diante
dos aplausos
daqueles
que apenas
assistiram
sem ver
e ouviram
sem ouvir.
No camarim
tira-se
a maquiagem
frente
ao espelho
e se descobrem
as olheiras
e o cansaço
da exaustiva
interpretação.
Viver
o papel,
e se movimentar
em cena,
eis o supremo
dom
do artista,
que faz
de sua vida
arte,
e faz de sua
arte
vida.
Embora a arte
seja para poucos
entendidos,
a vida,
...ora a vida...
aplaude a si mesma
com ou sem
plateia.
Carlos Roberto Husek
sábado, 11 de março de 2017
O avesso do trabalho
Os olhos fixos
em alguma tela
a soletrar palavras,
e a visualizar frases,
- tecnicamente
situados,
profissionalmente
atarefados -
sem perceber
que por trás delas,
fantasmas
de outros olhos
escondem-se
nas letras,
no mar de águas
em degredo,
rebatidas
nas paredes
de um interno
rochedo.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
E olham,
e vigiam,
e se enternecem,
e lacrimejam,
se repelem
por conveniência,
talvez
se encontram
por desejo.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
O mundo material
é aparente,
a todos afigura-se
o único presente,
de conformidade,
fotografado,
por retinas
acostumadas,
cor, espessura,
altura,
e medidas
programadas,
na superficialidade
da vida,
abulicamente
decoradas.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
Neles, porém,
inserem-se
desejos,
infiltram-se
ideias,
afloram
lampejos,
no papel
em branco
ou no escrito,
não percebidos,
tons de outro canto,
cores de outra esfera,
palavras de outros
ditos.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
Imaterializados,
perturbando
a concentração
de quem trabalha,
pois na caneta
sem uso,
ou no lápis
sem grafite,
e na tela anoitecida,
respira
um ser escondido,
que sofre,
em grito surdo,
sem perceber
sucumbido,
que se desarvora
sangrando
entre papéis
esquecido.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
Mundo este
de energias
camufladas
que têm vidas
próprias
e criam
conceitos,
cruzamentos
não decifrados,
dores
não apaziguadas
do lado esquerdo
do peito.
(e tais olhos
indiscretos
querem
participar
da leitura
e do pensamento
que só na tela
parecem estar)
O que é isso?
Mera
presença
de marcantes
fantasmas,
que se mostram
em ausências,
e assim
se revelam,
impondo
presilhas
e guizos
acompanhantes,
ora viventes
de paraísos
libertários
e sufocantes,
de profundidades
mal percebidas,
em comunicados
delirantes,
e de vidas
que só resultam
admitidas
à aqueles
que amam
as amarras
que se constroem
perseverantes.
(e tais olhos
indiscretos,
cansados
de esperar,
depositam-se
em seus assentos,
lânguidos
e mortiços,
dormentes
de tais feitiços,
no fundo
do globo
ocular).
Carlos Roberto Husek
sexta-feira, 10 de março de 2017
Poema para rezar
Senhor...
Estou aqui prenhe
de pedidos.
(pudera não ter
atendimentos
obtido..!)
Pois, em sua grande
maioria,
não são bens materiais,
cargos, sucesso,
dinheiro.
(são mais difíceis,
creio...)
Por outro lado,
peco na forma;
será que devo pedir
seguindo alguma
norma?
(ajoelhado, contrito,
cabeça baixa sobre
a terra)
Há uma certa
solenidade,
ou posso falar
"Ao Amigo",
com alguma
licenciosidade?
(acho que não devo
agir com tal abuso,
nem para um
psicológico uso)
É fato que não
sou religioso,
o que torna
este apelo ilusório.
(talvez, melhor
seria uma capela,
um oratório)
Devo pedir sobre,
o genuflexório,
ou de pé andando,
ensimesmado?
(tenho receio
de estar este escrito
inadequado)
E quanto ao teor
do pleito,
haveria assuntos
proibidos
que podem deixar
os céus sem jeito?
(minha condição
humana e frágil
anuncia
o insucesso da
súplica deste feito)
Não sei se é
possível dizer sem
definir,
só falar e não
requerer para
um bondoso olhar
usufruir..!
(a comunicação
tem extrema
dificuldade)
Perante Vossa
Suprema Autoridade
às vezes quero ficar,
outras, quero me ir.
(não há deveras
nada que me apavore)
Abro meu templo,
meu corpo e espírito.
para este sacrossanto
e imperioso requisito
de estar pleno,
embora possa
parecer um labirinto.
(que cada um tem
o seu e o seu
caminho)
De assuntos
comezinhos
será que as Hostes
divinas tratam
com carinho?
(há coisas que
me atingem,
quando estou
comigo, sozinho)
Enfim,
faço um relato
da minha dúvida
e inconsistência.
(mas, o Senhor
delas deve ter
ciência..!)
A alma humana
tem uma dimensão
impensada,
revela-se para
o mundo
despreparada.
(nada em relação
à mesma é
muito fácil)
Trata-se de
uma realidade
não unidimensional,
pois contém
múltiplas facetas,
e profundidades
diversas,
de cores adensadas
e notas musicais
mal ouvidas
e descoradas
em face de uma
prece,
sempre repensada.
(as relações da vida
são sempre santas)
No entanto,
os demais viventes
tecem críticas
não condizentes,
que circulam
pelas cidades
e circulam
indiferentes.
(Senhor, perdoe
os maldizentes)
Deles, por ora
é o reino da terra
átrio da grande
jornada
e quem se arvora
para a guerra,
fica cego para a paz.
(aos livres de.
julgamento presto
homenagens)
O brilho
do diamante
na sua natural
pureza
é lapidado
pelas incertezas
causadas
pelos desavisados,
que se entendem
apontadores
de alheios pecados.
(todos somos
indignos
de travestirmos
de acusadores)
Por ora,
aqui encerro
este modo
peticionário,
que desse escopo
não se reveste
e sim de escopo
vário,
convencido
que não lhe dou
exata forma
de petição,
apreciai-a, Senhor,
como uma forma
de oração.
Carlos Roberto Husek
sábado, 4 de março de 2017
A individualidade de cada um
(Em qualquer lugar
em qualquer tempo
para qualquer pessoa,
homem ou mulher,
principalmente estas,
- personagens -
profissionais,
profissionalizantes,
senhoras
das moradias
e de seus maridos,
esposas
e amantes,
e amantes
esposas,
e puras,
nas eternas
meninas
que nelas
subsistem,
e que pedem
passagem,
que tampam
o espelho
com o pano dos
dos seus vestidos,
imbuídas
de racionalidades
meramente
edificadas
por preceitos
sociais,
e que apesar de tudo
são frágeis
e invisíveis)
Mulheres
personagens
compactas,
fechadas
em seus ossos
e músculos,
por vezes
econômicas
nos gestos,
econômicas
nas falas.
(amarradas
pelas teias
de suas
convicções
ou de suas
compreensíveis
conveniências
ou de suas
verdades
não conhecidas)
Fogem
para um mar
interior,
repleto
de
profundezas
não
fotografadas;
(todos as temos)
um estreito
entre rochas
e águas
escuras,
impede
qualquer
navegação,
ou seleciona
os navegantes
que possuam
o mapa
da profundidade,
a senha
das descobertas,
o código
secreto
das
possibilidades,
ainda
que sujeitas
a variadas
interpretações.
(portas que se
fecham, luzes
que se apagam)
Com
desconhecidas,
mas efetivas
e incensuráveis
razões,
(cada qual tem
suas necessidades)
se encontram
diante
do azáfama
do dia
e dos
compromissos
que não
permitem
desabrocharem
em pétalas,
aflorarem
em perfumes,
abrirem
as asas
de pássaros
acuados
que não
voam
e que não
pousam
em árvores,
a não ser
em segurança
e em galhos
conhecidos;
ondas
que não
espumam,
brisas
que não
acariciam,
nuvens
que não
acontecem,
pingos
de chuva
que caem
distanciados
e secam
antes
de tocar
o solo,
na aridez
das formas
que cercam
os espaços
insulados
em pequenas
aberturas,
e deixam
em cofres
e gavetas
chaves
perdidas.
(e no entanto
podem
se mostrar
plenas
sem avisos
e sem
exigências...)
Comunicação,
arte
e mistério,
um fio
finíssimo,
translúcido,
quase
invisível,
que mantém
o coração
e o cérebro.
(ativam-se
satélites
da alma,
artefatos
abstratos,
e ondas
elétricas
em espaços
impensados)
Atapetar
caminhos,
regar
plantas,
colorir
paredes,
envernizar
móveis,
arrumar
livros,
ajeitar
papéis
brindar
conquistas,
e juntar
as mãos
para dizer:
estamos aqui.
Eis o mistério..!
(que a vida é feita
de gestos)
Nas orações
noturnas
preparadas
para pedir
pelo (s)
amigo (s),
e tocar
de leve
dedos,
que pairem
no escuro
dos quartos.
Quando plenas,
desculpam-se
sem
necessidade,
ativam-se
sem
pedido,
alimentam
a simpatia
em
pequenas
e diárias
doses,
e se doam,
sem medo,
sem
barreiras,
sem
preconceitos,
de serem
o que são,
(não pode
haver censura
na verdade,
que
não se arvora
em sufocante
inimiga,
e não deseja
a eliminação,
de regras;
porque
há revolução
sem morte,
e há construção
sem
derribadas,
e alianças
sem
casamento,
e sem
rejeições)
e com isso
o frio
transforma-se
em calor,
e após
eventuais
tempestades,
nasce
o arco-íris,
na difícil
missão
de aceitar-se
e aceitar.
(massagear
o momento
encostando
o rosto no ar
para o afago
do vento)
Pequenos
gestos
de delicadeza,
de preocupação,
e de doçura,
constroem
veredas
perpétuas.
(a sustentabilidade
da essência das
coisas não ditas
que são a
alma da matéria,
tão simples
e fáceis,
mais ao mesmo
tempo
tão complexas.
............................
As coisas
simples
e desejadas
são as menos
praticadas
e entendidas)
E ficamos
todos nós
na espera
do milagre
da vida..!
Carlos Roberto Husek
Assinar:
Postagens (Atom)