quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval e Quarta-feira de cinzas


Quanta e quantas vezes penso que nós devemos valorizar os momentos, valorizar a vida! Pensamento simples? Talvez... Mas, as verdades aparecem nos eventos cruciais, naqueles que nos encostam na parede e confrontam a razão de viver. Daí descemos do pedestal, da liteira, do trono, da toga e vemos que nada vale a pena, a não ser respirar.
A poesia seguinte na magistral pena de Olavo Bilac diz, de certa forma diz isso:

"In extremis"

"Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! de um sol assim!
                                            Tu desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...

E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacundindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio...E este espanto! e
                                                            (este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...

Eu, com o frio a crescer no coração, - tão cheio
De ti, até no horror do derradeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

                             E eu morrendo! e eu morrendo
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! a delícia da vida!

"A delícia da vida" devia nos fazer repensar os relacionamentos. Nossos orgulhos, nossas verdades, nossas medalhas, nossas posições sociais, nossos argumentos... Tudo... Meias verdades, ou inteiras mentiras que só valem no estrito contexto de um olhar míope, deformador, embaçado. Nada é mais importante que a mão amiga, o olhar amigo, a possibilidade de juntos (em dupla ou em grupo) ver a vida, dizer o que vai na alma, unir esforços, encontrar saídas e comemorar os feitos com o suor dos esforços comuns, reconhecer que cada um tem muito a dar e a receber. Mas, nos posicionamos inflexíveis e, talvez, só venhamos a perceber a grande bobagem que nos move na conquista dos espaços (profissionais, políticos, sociais) quando diante da morte; da morte do ente querido; da nossa própria morte. Não é que devamos abandonar o jogo, este jogo humano, este jogo de xadrez, este jogo de peças, que nos faz em alguma hora participar do teatro da vida como simples coristas ou como atores principais. ( é o jogo..! que felicidade poder jogar..!). Não! Isto faz parte da vida. Entretanto, poderíamos fazê-lo sem a gana de matar o outro! Sem que a disputa pudesse representar a eliminação do adversário! A vida é um teatro e nele representamos um papel (apenas representamos um papel). A representação é importante, na sua medida e não mais. Hoje somos juízes, professores, servidores, médicos, mecânicos, trabalhadores em geral,  pais, filhos, amanhã estaremos aposentados, depois, estaremos mortos. O que fazemos de nossas verdades, aquelas que estão depositadas no fundo dos nossos corações? Respirar antes. Rspirar na vitória, respirar na derrota. Respirar a delícia da vida! Esta é a única verdade. O resto..? O resto é o que sobra...para ser repensado. Carlos Roberto Husek.

3 comentários:

  1. Venho por meio desta
    Pequenina mensagem
    Fazer um doce protesto
    Veja só, que bobagem

    No entanto, que ferramenta resta
    À abandonada orientanda
    Que procura seu mestre por toda a festa
    Sem jamais perder a esperança

    Ocorre que o amado Mestre
    Como todo gênio que se preza
    Não perde tempo com celular
    E tampouco com emails, ora essa

    Então fabrico pequena corruptela
    Nesses quiçá bem humorados versos
    E conto com o esperado contato,
    Com o perdão pelo ousado gesto :)

    Professor, não atendes o celular e não respondes o email, mas por aqui insisto.
    Cordialmente,
    Fernanda Abreu.

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    1. Não sou de "e-mail", é verdade,
      sofro muito com o celular,
      pois, prefiro falar com vontade
      para a amizade conservar.

      No entanto, é fato, tal efeito,
      só acontece de forma pessoal,
      quando a palavra sai do peito,
      tem cor, forma, cheiro. É visual.

      Ainda mais, quando se tratam
      de orientanda e orientador,
      porque a palavra e o gesto se casam,
      com mais clareza e valor.

      Mas, não se tem possível, creio,
      ser utilizado um bloga de poesia,
      para servir de efetivo meio
      às nossas aleivosias.

      Além do que, não erro, eu sei,
      faz poucos dias, sem entraves ou nós,
      algumas coordenadas eu dei,
      sobre as nossas aulas do Pós.

      Portanto, mentira, mentira!
      que o contato ainda é esperado,
      isto só pode vir de uma menina
      ou de um velho desorientado..!

      Enfim, deixemos tal pendência,
      para a pessoal comunicação,
      não é do blog a essência
      de uma inusitada admoestação.



      (tudo....brincadeirinha!) HUSEK

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