sábado, 2 de fevereiro de 2013

Meu espaço de escrita


Destaque de Manuel Bandeira, em:

 "Trova"


"Atirei um limão doce
Na janela de meu bem:
Quando as mulheres não amam,
Que sono as mulheres têm!"


"Toada"

"Fui sempre um homem alegre.
Mas depois que tu partiste,
Perdi de todo a alegria:
Fiquei triste, triste, triste.

Nunca dantes me sentira
Tão desinfeliz assim:
É que ando dentro da vida
Sem vida dentro de mim."


"O Amor, A poesia, As Viagens"

"Atirei um céu aberto
Na janela do meu bem:
Caí na Lapa - um deserto...
- Pará, capital Belém!..."


"Canção do Vento e da Minha Vida"

"O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,

O vento varria as flores...
     E a mina vida ficava
     Cada vez mais cheia
     De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
     E minha vida ficava
     Cada vez mais cheia
     De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
      E minha vida ficava
      Cada vez mais cheia
      De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
      E minha vida ficava
      Cada vez mais cheia
      De tudo."

Manuel Bandeira, pernambucano (Recife, 1896) que viveu e morreu no Rio de Janeiro (1968) fez uma poesia de leve melancolia, humor e ironia; uma poesia do cotidiano. Declarava-se poeta menor. Não o foi. Sua poesia é um olhar voltado para a vida em perspectiva da morte. Sofria de tuberculose, desde a juventude, mas teve vida longa, o que possibilitou a sua poesia despojada, engraçada, musical, lírica, triste, minimalista, dos grandes e dos pequenos fatos  - sapos, trem, águas, (Irene boa entrando no céu) - utopias críticas, irônicas,  (Vou-me embora para Pasárgada/ pois lá sou amigo do rei/lá tem a mulher que quero/na cama que escolherei), modernista. Saiu de dentro de sua alma para cantar as ruas, as pessoas, os fatos da vida. Não ficou na estratosfera, embora nenhum poeta seja completamente deste mundo. Dentre suas obras, temos: "A Cinza das Horas", "Carnaval","ritmo Dissoluto", "libertinagem", "Estrela da Manhã", ""Lira dos Ciquenta Anos", "Mafua do Malungo", "Opus 10", "Estrela da Tarde"", "Estrela da Vida Inteira". Carlos Roberto Husek

















2 comentários:

  1. Será que ao se sentir desinfeliz, escrevemos mais? Sempre me perguntei porque a felicidade não é matéria prima tão profícua para a poesia quanto a melancolia. Talvez seja porque ao sermos felizes não lembremos de escrever, por estarmos muito ocupados no regojizo. O que acha? :)

    ResponderExcluir
  2. Isso é verdade. Acontece comigo. A felicidade me toma toda. Agora, tenho essa dúvida.... Os poetas são infelizes?????

    ResponderExcluir