quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
A trova é uma forma de poema que busca dizer muito numa pequena quadra. Daí a sua dificuldade que torna o trovador, senão um poeta que possa alcançar o Olimpo e um lugar na história dos maiores, (quase sempre o trovador vem anônimo) um poeta que toca a alma e o pensamento com um simples toque, uma simples nota (poesia é música) e consegue dizer verdades, filosóficas, poéticas e dos fatos da vida, ou simplesmente faz uma troça bem humorada e irônica:
Filosóficas:
"Felicidade, vantagem
que todos querem ganhar,
não é bem um final de viagem,
é um modo de viajar!"
"A mediocridade é palha
cuja tendência é boiar.
Quem quer pérola que valha
tem mesmo que mergular."
"Se algum dia, eu ficar bravo
com alguém, recordarei:
- Vingança é coisa de escravo,
perdão é gesto de rei!"
Perguntas:
"Vou dizer o que no teatro
perguntaram (Não me bates?);
- Quem botou a bola quatro
no interior dos abacates?"
"Aquele cara ali adinate
quis saber, o demoníaco,
ah quem fora o centroavante
do tal ataque cardíaco?
Bem-Humoradas:
"Eis um psiquiatra perfeito,
garante, de fato, a cura:
- Não ficando satisfeito,
devolve toda loucura!"
"Não foi o Marconi o primeiro
a idealizar o sem fio.
Antes disso, o meu barbeiro
na navalha o descobriu!"
Lírica:
"O teu rosto, minha amiga,
não é bem legal. Repare:
- Na boca vermelha, há um siga,
Nos olhos verdes, um pare!"
A trova vem de um passado distante, passou por todas as épocas, fez parte importante dos chamados jogos florais. Tem certa ingenuidade e provavelmente não encontra muito espaço no mundo atual. No entanto, a trova pode ser irônica, política, engraçada e serve com alguma inteligência para críticar os fatos e propiciar algum raciocínio sobre a vida. Carlos Roberto Husek.
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