terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Meu espaço de escrita
No meu livro "Metal Invisível" (lançado em 2003), o poema "Retrato" vem assim escrito:
Virtual te desnudas
em leves linhas
e reentrâncias fundas.
És distância em sombras
e sinuosos desenhos
em reflexos.
Dás vida a imagens
rodopiando miragens
na sílaba dos versos.
Fios curvos
de castanho escuro
sobre larga testa.
Os cílios cansados,
repousam passados
nos olhos em festa.
Em um minuto
a verdade conformada,
na curva delicada
das narinas,
sobre a camada
de pele morena.
A vida é ilusória,
história de histórias
pequenas.
Fecha as janelas
a iris se apaga.
O rosto adormece.
Entre os dentes,
na borda dos lábios,
um desejo se esconde,
um sorriso entorpece.
Um choro contido,
em falsete contínuo,
quase um gemido,
em dó sustenido,
que te revela,
tão frágil,
tão sem segredos,
tão nua.
Caminha teus olhos
por outros momentos
que tudo na vida
é simples passagem
terra seca e ramagens,
esquecimentos.
Roda em teu corpo
o ponteiro das horas
no relógio do tempo,
faz sulcos na face,
pinta manchas na pele,
espalha os sonhos
ao vento.
Virtual te desnudas
em leves linhas
e reentrâncias fundas.
A vida é isso: passagens, desnudamentos, pinturas, formas. O corpo e o espírito transmudam-se e permanecem com o passar das horas, dos dias, dos meses, dos anos, criando imagens, memórias, histórias. Tudo, uma verdade ilusória. Carlos Roberto Husek
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