Madri
"Cervantes,
pega o pão do lixo
e se esconde em um nicho,
entre uma cruzada e outra
não tem um Rocinante,
mas um cachorro encardido,
Cervantes só tem uma pança,
de vermes comido."
Cervantes e o sonho de sair a busca de atos heróicos. Sonhos de todos nós, heróis anônimos, que recebemos nossos próprios aplausos e nossas prórpias críticas. As cidades são assim, lugares que acomodam os solitários humanos que possuem a ilusão de pertencerem a um grupo, uma raça, uma nação. No fundo estamos sós com nossas idéias, com nossas virtudes, com nossos defeitos, buscando a comunicação. As cidades têm esta virtude: a busca incessante da comunicação, mas que não disfarça a ilha que somos das demais ilhas que tentamos atingir. Profunda contradição: andamos e conversamos e comunicamos, mas estamos sempre sós.
Abaixo destacamos Garcia Lorca.
"naquela tarde fatídica,
somente às cinco horas da tarde,
hora que Garcia lorca,
registrou no seu relógio,
porque se manchava o céu,
sob as patas do animal,
porque se manchava o céu,
do sangue que na arena escorria,
porque se manchava o céu,
no sangue de Frederico,
no pranto desacostumado
de Ignácio Sánchez Mejías,
"' A morte botou ovos na ferida
às cinco horas da tarde.
Às cinco horas da tarde.
Às cinco em ponto da tarde
As feridas queimavam como sóis.'"
Esta última parte, grifada, é de Garcia Lorca. Só assim, depois de morto é que realmente ele poderia conceder uma parceria com este Husek/Solrac. Trata-se ( a dele, evidentemente) uma das poesias mais lindas da Espanha (Pranto por Ignácio Sanchez Mejias), um toureiro que morreu sobre as patas e os chifres do touro às cinco horas da tarde.
Por hoje é só. Carlos Roberto Husek
Carlos, parabéns pelo blog! Que o poeta agora tenha este espaço como seu território, e que possamos ler mais e mais seus belos escritos!
ResponderExcluirBoa sorte, sucesso e realização.