quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Latipac - A cidade e seus espelhos

Este é o último livro que lancei, neste ano de 2012. Trata-se de uma única poesia com 235 páginas, dividida em três grandes partes: Do Cenário, Das Urbes e De Solrac.
Toda temática gira em torno do ser humano e da cidade e como esta é ao mesmo tempo a sua salvação e o seu algoz. Há uma luta constante, um diálogo constante entre as coisas (matéria) e o espírito de cada um: prédios, avenidas, construções

"Viu-se unido às tempestades
e aparelhado
de instrumentos e de ciência
pôs mãos à obra
e construiu a civilização"

e a necessidade do ser humano de entender tudo o que constrói e ao mesmo tempo destrói, em si, na sua vida, no lugar em que vive. O conflito é a regra, é a marca da vida.

"As relações tornaram-se tensas
e intensas.
Esferas de mercados imaginários
foram se entrelaçando,
o mercado financeiro,
o mercado profissional,
o mercado religioso,
o mercado familiar.
Para tais mercados nasceram
os tipos,
os preferidos, os exaltados,
os negativos, que ficavam à margem
da disputa, no limbo das preferências
à procura de caminhos."

Nem sempre esse conflito é anunciado e expresso. Quase sempre é subliminar: doença e morte,

(doenças do cérebro)

"Com isso tudo,
o pior não é físico,
mas o cérebro desconectado.
A palavra não vem à tona,
enrosca-se nos neurônios
quase incomunicável
e desliza pela massa encefálica,
caindo e recaindo
nas entranhas,
nos abismos,
ciscando de encontro
a imagens desencaixadas
que envolvem os vocábulos
e os fazem despencar
até a ponta da língua."

(doenças de outros órgãos)

"O coração falha,
o figado reclama,
os pulmões perdem a elasticidade,
e um leve tremor
de gosto arsênico,
instala-se na garganta
à espera da explosão final."

amor e vida,

"As fases humanas
são as da humanidade
em certa medida.
Da infância à maturidade
vemos as emoções aflorarem
e depois serem recolhidas."

"Vem o homem cata-vento,
girando para todos os lados,
tirando da cartola ninhos
de afetos despedaçados."

"Vem a mulher desatenta,
de passos comedidos,
tirando da cartola ninhos
de afetos perdidos."

poder e desamandos,

"O poder inebria e enlouquece,
aquece o peito
e tudo aquece.
Vivas ao rei desnudo!
Vivas à mesa dos acólitos!
Vivas aos paetês e veludos!
Vivas, que de vivas se vive,
sem viver tudo."

a natureza está no entanto sempre presente, independentemente das criações dos homens e o retorno a ela se faz com a própria luta do ser humano para sobreviver.

Aí está um começo de minha poesia, pinçados alguns versos dentro dos Capítulos estruturados. Se me permitirem (os olhos e o cérebro do leitor e o tempo disponível) volto ao tema na próxima comunicação. Peço paciência para este que se comunica pelo blog porque a comunicação presencial, no mundo da informática, não é mais real (é, talvez, a verdadeira comunicação virtual). Carlos Roberto Husek

Um comentário:

  1. Gostei da poesia e adorei a idéia de que a comunicação presencial não é mais real e que talvez seja a verdadeira comunicação virtual.

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