segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Latipac - A cidade e seus espelhos


Buenos Aires

(destacando Jorge Luis Borges, versos grifados de Obras Completas, Milonga para os Uruguaios)

Nas ruelas da Recoleta
há fantasmas de ricos e abastados,
e nomes de formosura,
e grandes túmulos ancestrais,
de escritores, políticos,
     de artistas,
que deixaram suas marcas,
que ficaram no passado,
'"Ombro a ombro ou peito a peito,
Quantas vezes combatemos,
Quantas vezes nos venceram,
Quantas vezes venceremos!'"
no passado, a estação
mais propícia á morte.

'"Um só homem sentiu no paladar
o frescor da água,
o gosto das frutas e da carne'"
este homem
na sua cega anatomia,
percorria e percorria,
as ruas que se banhavam
na luz de sua ousadia,
um Jorge Luis Borges,
nos alforjes forjado,
nos contos fantásticos,
nas reais fantasias,
nas poesias que planaram
em sua futura agonia,
de não ver o rio e a cidade,
de suas filosofias

Os meus versos antecedem ou continuam alguns versos dos autores consagrados, como é possível ver nesta e noutras poesias. Uma espécie de parceria, sem licença para tanto ( se soubessem me acionarem na Justiça em todos os países e cidades que citei). Mas busco, na verdade, revelar um pouco do autor e da cidade respectiva ou das cidades respectivas. No caso de Borges, como todos sabem, cego, professor de literatura inglesa e que tinha uma predileção em andar pelas ruas de Buenos Aires, sem enxergá-las por completo ou de todo e que, talvez por isso, encontrou na sua imaginação o fantástico (contos fantásticos; poesias um pouco mais de acordo com a realidade, mas fantásticas - toda poesia o é). O fantástico impera em nossas vidas (já repararam?). O que é a realidade, senão a nossa interpretação daquilo que enxergamos (ou não enxergamos), em construção diária!? O mundo é mágico e Jorge luis Borge soube por essa magia no papel ( como escreveu no seu conto sobre o outro, que encontrou em um banco de jardim e que não era senão ele mesmo...!) Borges, nasceu em Buenos Aires, em 24.8.1899; morou em Genebra, na Suiça e na Espanha - Madri, se não me engano, provavelmente também na Inglaterra (admirava a literatura inglesa), e morreu em Genebra em 1986. Entre o mundo visível e o mundo invisível (sua cegueira) descreveu o seu verdadeiro e nos deu páginas de beleza e de inquietude não só poética, mas, principalmente, filosófica. Carlos Roberto husek

Um comentário:

  1. Delícia de texto!
    A cegueira está, via de regra, associada a um aumento da visão para outros fenômenos sejam eles próprios ou alheios. Vide Tiresias.
    A realidade não existe o que existe é o que "vemos".

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