sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Latipac-A cidade e seus espelhos e uma mensagem

Prossigo na comunicação anterior sobre o livro Latipac, editado pela Giz Editorial, esclarecendo que após as divisões já escritas (dentro da parte "Do Cenário"), vem a "Das Urbes", cujas poesias se sucedem revelando o espírito de várias capitais e algumas cidades , Rio de Janeiro do mundo e do Brasil, com destaque nos seus poetas e escritores mais representativos. Em cada cidade apontada há um verso, uma quadra, algo sobre algum  poeta que lá viveu ou que ainda vive.
As cidades destacadas são: Atenas, Lisboa, Roma/Florença, paris, Madri, Frankfurt/Berlim,Londres, Tóquio, Pequim/Xangai, Varsóvia/Moscou, Damasco, Calcutá/Mumbai/Nova Délhi, Praga, Santiago/Isla Negra, Nova Iorque, Havana, Buenos Aires, Salvador, Recife, B.Horizonte/Itabira/Ouro Preto, Belmonte, Belém, Goiânia, Macedió, Cuiabá/Corumbá. São Luiz, Cruz do Espírito Santo, Porto Alegre, Curitiba, Teresina e São Paulo.

Atenas:

"Homero visionário,
embora cego,
                planetário,
perseguido
em seus sonhos,
por Sílfides e por cânticos,
viu Ulisses pelos mares
levado pelos acalantos."

Lisboa:

"Cansa-se o magro poeta,
com seu andar de nefelibata,
quando um vento do Tejo,
o frio de sua  alma retrata."

Roma/Florença:

"de uma secada cascata,
e como em magia,
salta dos cabelos da medusa,
o que foi antes água,
e hoje é nostalgia.
Dante repentino aparece,
e se alteia e se enaltece,
   longe de sua musa
   Beatriz, Beatriz,
que pegou de sua na mão,
                  prestativa,
e o conduziu pela via Ápia,
        ainda muito viva,"

Paris:

"Mas a Paris de agora,
que se orgulha de sua torre,
mas a Paris de agora,
que se orgulha de seu Sena,
mas a Paris de agora,
que se notabiliza
por suas avenidas simétricas,
mas a Paris de agora
que se estrela do Arco do Triunfo,
mas a Paris de agora,
que tem suas igrejas e seus túmulos,
mas a Paris de agora,
de sua Champs-Elysées,
mas a Paris de agora,
do bom vinho e do bom queijo,
mas a Paris de agora,
                          da liberdade,
mas a Paris de agora,
                          da fraternidade,
mas a Paris de agora,
                           da igualdade,
mas a Paris de agora,
                    de seus intelectuais,
                    de seus artistas,
esconde seus eventuais
               abjetos exemplares,
como todas as cidades,
               repleta de seus altares,
de seus deuses crepusculares,
              de suas livrarias,
              de seus teatros,
              de seus lupanares."  

Aí vai um pouco da minha poesia.

Lembro, ainda, neste espaço, outras plagas, outras letras, outra geografia interior, por certo mais rica, a de Salvatore Quasimodo, de sua poesia Garça Morta:

"Io mi devoro in luce e suono;             "Eu me consumo em luz e som;
battuto in echi esquallidi                       latejando em esquálidos ecos
da tempo a tempo geme um soffio        de vez em quando geme um esquecido
dimenticato"                                          respiro."

Meu leitor solitário e amigo (no mínimo escrevo para um outro eu, o próprio Solrac), até breve.

CARLOS ROBERTO HUSEK

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