domingo, 14 de outubro de 2012

Latipac - A cidade e seus espelhos

Em continuidade ao nosso livro destacamos:

Varsóvia/Moscou

(versos grifados de Mandelstam - Fogo Errante)

'"Nas alturas abruptas,
      Fogo errante!'"
      incessante,
e nas alturas a estrela,
     de cristal,
do cristal quebrado,
que do espelho se observa,
     pertido pelo lado,
e que reflete a imagem,
da vela sobre o prato."

( versos grifados são de Mayakóvski - Poemas)

'"eu faço versos alegres
          como marionetes
e afiados e precisos
como palitar dentes.'"
por sua força,
por sua audácia,
por sua mão de ferro,
fechado o punho,
           em desafio,
            morreu,
como morrem
os passarinhos"

Damasco


( versos grafados são de Rûmi - Maulâna Djalal ad-Din Rûmi - A Sombra da Amada)

"Do Nada que é matéria,
                         artéria,
                         estrada,
do tudo, deste mundo,
que é gestado,
no ventre da inércia,
no ventre dos buracos,,
no ventre do vazio,
onde tudo repousa,
o próprio repouso
..............................
'"Ah! Cessa esse murmúrio
                   de palavras:
escuta o silêncio
               a voz de Deus'"

Os poemas russos  (Óssip Mandelstam e Vladmir Mayakóvski) e o de Damasco (Rûmi) representam o ser humano em sua força intrínseca; os primeiros voltados para a sociedade e para a sua luta, os últimos para o mistério da vida. As cidades, não importa a situação geográfica, produzem no citadino a ilusão de poder e de fracasso e ele se volta para a mensagem, por seus atos, por sua fala, por sua escrita e também para o invisível, na busca de explicações, ou simplesmente de silêncio. As cidades buscam nos homens suas artérias e suas cosntruções; os homens buscam nas cidades a vida que acreditam ter, independentemente de suas lutas. Há, efetivamente, um silêncio, um diálogo surdo entre as cidades e o homem, entre este e o universo. Parece que as cidades gritam nos ruídos das matérias e o homem silencia nos seus ruídos internos. Carlos Roberto Husek  

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