sexta-feira, 31 de março de 2017
Uma cortina...
Uma cortina
de água,
que se descortina,
e por trás dois olhos
estagnados
e interrogativos
como os de
uma coruja,
espreitam a paisagem
parados no tempo.
São profundos,
enigmáticos,
cismam coisas
que não se traduzem
em palavras,
e ficam no infinito
de seus interiores,
a emitir luzes
para o espelho
da íris,
na linguagem
indecifrável
dos sentimentos.
Lá fora a vida
se desfaz
em risos
e em vocábulos
perdidos,
em um deserto
de impalpáveis
possibilidades,
que mais leves
que o ar
se escondem
no infinito
vazio de íntimos
desejos.
Alguns anéis
de fumaça
de fonte inexistente
criam novas cortinas,
e as pálpebras
se fecham no mundo
dos sonhos.
Internam-se no peito
as sombras
das adversidades
que se constroem
por acaso, no azedume
das circunstâncias
e das interpretações.
A unidade dos corpos
separados, tecida
e amarrada
na eternidade de laços
espirituais que estão
além do tempo,
é a única
verdade absconsa
que a epiderme
disfarça e arrepia.
É necessário
ser simples
para compreender
a complexa
essência da vida,
porque só o coração
pode escrever as linhas
da realidade.
Carlos Roberto Husek
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O amor é dos suspiros a fumaça;
ResponderExcluirpuro, é fogo que os olhos ameaça;
revolto, um mar de lágrimas de amantes...
Que mais será?
Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada.
William Shakespeare
A doçura refinada deixa nos lábios
Excluirum gosto de alimentação insuficiente
e no coração algumas veias entupidas!
Carlos Verbal
Lindo poema!
ResponderExcluirGostei muito.