sexta-feira, 12 de julho de 2013
Poema da Constatação
Morte...
Passado...
Morreu e era tão jovem!
Mas, agora quantos anos tem?
A morte iguala os moços,
que partem sem aviso,
ou com aviso,
aos velhos que se vão
com o aviso na carteira.
Quantos anos ele tem agora?
Está lívido, marmóreo,
face endurecida, branca,
quantos anos ele tem agora?
A morte pegou-o na juventude,
é verdade,
mas, depois que ele se acomodou
neste abraço,
não se lhe conta mais a idade.
Quantos anos ele tem agora?
A morte pinta a cal
a pele e a íris
e embalsa o corpo.
O velho no velório
é ainda moço,
pois está vivo!
Sua pele tem cor,
seus olhos, embora tristes,
embora escondidos
sob dobras de epiderme,
embora já deturpados
pelo horizonte próximo
- já que o passado
se perdera no tempo -
olham e enxergam a morte,
assim como
olham e enxergam a vida!
O jovem morreu...
Quanto anos ele tem agora?
Chegará do outro lado
com o vigor e a energia
dos dias do começo?
Quando se morre jovem
parte-se jovem
e quando se morre velho
parte-se velho?
Se é assim a morte
tão ligada à vida,
que dela tira sua essência,
então, preferível
morrer em plena juventude,
viver-se-ia mais
aqui e acolá,
ou, pelo menos,
com mais robustez!
Não creio...
A velhice é um desfazer-se
da vida
e dela se desfazem
velhos e jovens
em vida, nas cascas
que criam,
e, por certo, na morte,
este invólucro
de plastificação
elaborado pela natureza.
Morte...
Passado...
Presente...
Futuro...
Lado a lado.
Carlos Roberto Husek
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ResponderExcluirMuitas vezes ouvimos as pessoas dizerem: "Ele estava aqui ontem, tão bem!" Como se isto fosse a garantia de que ele (todos nós) continuaria bem. Penso que a velhice é a despedida do corpo, o desbotar da vida. Importante é que
ResponderExcluira morte venha nos buscar num dia de juventude da alma.
ResponderExcluirÀs vezes as pessoas morreram faz tempo e insistimos em continuar contando quantos anos ela teria se estivesse viva. Que teimosia a nossa que nos impele a impor aos que foram a nossa medida de tempo!
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