quinta-feira, 18 de julho de 2013
Escrever
Quantos somos,
seres com seus arados,
canetas e teclados?
Quanto somos
com seus infernos,
e céus enublados?
Que lavram
e atritam,
e choram,
e gritam,
e se inflamam,
e se seduzem,
e se absorvem,
e se espalham,
e se consomem,
como fogo
queimando
em cada palha,
em cada janela
aberta,
em cada porta
cerrada?
Quanto somos
a dizer sandices,
em suas rezas
e crendices?
Quanto somos
a ler e a escrever,
sob o sol
e sob a lua
e sob a nuvem
que passa pesada,
e a sob chuva
que banha a rua?
Lavramos
nossa palavra,
perfurando
pontos invisíveis
do branco do papel
do branco da tela,
com nossas loucuras
e nossas cicatrizes.
Somos poucos...
Operários recolhidos
em suas glebas
sulcados,
sulcando,
perdidos.
Mas o arado
que lavra esta terra,
lava o meu pecado,
de ser humano
e imperfeito,
na ponta da caneta,
no sulco de cada veia,
na batida do peito.
Carlos Roberto Husek
de seus enfados.
Quanto somos
que lavram
na espera
da frutificação
dessa terra?
em sua alma,
e enubla
o seu céu,
o que atormenta
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Que poema lindo! Esplêndido! E ao escrever esperamos, talvez, encontrar, nas palavras despejadas na folha, na tela, as respostas que nos assombram...E das quais nos escondemos.
ResponderExcluirSe a frutificação for medida através do que acontece ao leitor, você é fecundo!
ResponderExcluirAgora me sinto acompanhada em minhas mais profundas inquietações. Agora sei que alguém mais cogita a vida como eu.