quinta-feira, 4 de julho de 2013
Abandono
Esquecido
e desaquecido,
poucos cabelos
ao centro
da cabeça ovalada,
sem saber da vida,
sem saber de nada.
O velho está só
na calçada.
Olha para um lado,
para outro se vira
perdido
entre o poste
e a rua.
Folhas ao chão
de uma árvore nua.
Galhos retorcidos,
são suas pernas
e braços,
seus lábios
deprimidos,
seu cansaço.
Há uma noite
no seu olhar
e uma capa
no seu dorso
de dura corcova.
No seu nariz
afilado e adunco
dobra-se
a cartilagem
da ponta
como um junco.
Nas árvores
é primavera
cerca-o contudo
um inverno
desaquecido
e mudo.
Esquecido,
arrasta
seus passos
e lá vai,
trêmulo
entre as gentes
passando
Até quando?
Carlos Roberto Husek
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O pior abandono acontece quando nos esquecemos de nós mesmos.
ResponderExcluirBela poesia!
Terá se esquecido, o velho amigo
ResponderExcluirQue durante a juventude
Embora não tenhamos a decrepitude
Temos a solidão, o desvario
A confusão, sem desanuvio
A dúvida, sobre qual o caminho
Poderá nos levar até nosso destino
Sem que para tanto
Nos render tenhamos
Compaixão.
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