terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Latipac - A cidade e seus espelhos
Porto Alegre
(destacando Mário Quintana, versos grifados de "A rua dos Cataventos" e de "Recordo Ainda" )
"Da vez primeira
em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir
que eu tinha.
Depois, a cada vez que
me mataram,
foram levando
qualquer coisa minha."
.....................................
Todos envelhecem
sobre as rédeas,
sobre os volantes
dos cavalos modernos,
pendurados nos veículos,
aboletados nos coletivos,
escondidos os meninos,
que estão sob as gravatas,
que estão sob as responsabilidades
distribuídas nas cidades.
"Sou um pobre menino...
acreditais!...
Que envelheceu um dia,
de repente!..."
Mário Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul em 30 de julho de 1906, e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994:
"Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...
que importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho o céu! Imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.
Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousado em mim.
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim."
(poesia "Este quarto")
Mário Quintana é o protótipo do solitário "Morrer é esquecer as palavras" (A noite grande). Apesar da solidão, sua poesia tem humor, lirismo, malícia, ingenuidade, ironia, simplicidade. Carlos Roberto Husek
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Mas alguns, como você, ilustre poeta, apenas rejuvesnecem, em eterno e sábio renascer :)
ResponderExcluirJá com saudades das noites de quarta, tão iluminadas e ricas. Que fevereiro chegue logo!
Morrer é esquecer que esqueceu as palavras.
ResponderExcluirMorrer é esquecer que esqueceu as palavras.
ResponderExcluir