sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Latipac - A cidade e seus espelhos


São Paulo

(destacando Guilerme de Almeida, versos grafados de "Simplicidade,Felicidade")

Em cada verso,
em cada humana voz,
há uma simples morada,
que se esconde sob as jóias,
que se esconde sob os cargos,
que se esconde sob as comentadas,
a morada da simples humanidade,
"Ser como as rosas, o céu sem fim,
a árvore, o rio...Por que não há de
ser toda gente também assim?"
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"Chamou-me e disse:
              'Vou-me embora!
Sou a felicidade! Vive agora
da lembrança do muito que te fiz!
... só quando ela partiu,
                 contou quem era...
E nunca mais eu me senti feliz"
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(destacando Menotti Del Picchia, versos grafados de "Máscaras")

na cidade que se desfolha
a cada minuto, a cada hora,
sempre existem dois lados,
um lascivo, outro sonhador,
outro o da morte,
           outro o do amor,
mas que não vivem separados,
porque ambos se encontram
                                  unidos,
embora nunca sejam
             desse modo percebidos.
"Esse amor deu-me o desejo
daquele beijo encontrar.
Mas nunca, reunidas vejo
a volúpia desse beijo,
e a tristeza desse olhar."

Guilherme de Almeida, príncipe dos poetas, nasceu em julho de 1890, em Campinas, e morreu em São Paulo, em 11 de julho de 1969. Menotti Del Picchia, nasceu em São Paulo, em março de 1892 e morreu em São Paulo, em 1988.
Dois grandes poetas que conduzem a arte pela simplicidade. A inteligência e a arte encontram um caminho mágico na comunicação simples e ao mesmo tempo forte e profunda. Poucos conseguem essa façanha.  Guilherme de Almeida e Menotti Del Picchia puseram fogo na minha imaginação, mal havia conhecido o mundo. Pequeno, criança, início de adolescência, não sei bem, é fato que passava os dias com alguns poucos versos, de ambos e de outros poetas e preenchia o espaço da comunicação (quase sempre incomunicável) com estes e outros versos. O eterno problema - todos nós o temos - de não entender e não se fazer entender, entre olhares, falas e gestos. A comunicação da vida e a interpretação dos fatos tem olhares específicos, de cada um, que ao serem expostos quase nunca são compreendidos. Afinal, o que é a felicidade, o que é o amor, o que é a morte? (temas básicos) Se alguém acha que sabe a resposta, provavelmente se ilude.Carlos Roberto Husek

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