quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Latipac - A cidade e seus espelhos
Recife
(destacando versos grifados de João Cabral de Melo Neto em" A educação pela pedra e depois")
o sertanejo se posta na preamar,
e sua fala engana,
suas palavras trituradas,
como minerais,
de pedras lavadas,
de emoções desmotivadas,
"'as palavras de pedra ulceram
a boca
e no idioma pedra se fala
doloroso;
o natural desse idioma
fala à força.'"
(destacando versos grifados de Manuel Bandeira em Estrela da Vida Inteira/Desencanto)
Pelos canais, pelas pontes,
pelos prédios ancestrais,
pelos mares, pelas fontes,
pelas plantas universais,
pelas areias, pelos casarios,
pelos lagos, pelos rios,
pelas águas vicinais,
Bandeira, Bandeira,
uma face tristonha,
outra face pesada,
estrela da vida inteira,
a versejar na madrugada,
que faz '"versos como quem
chora
de desalento...de desencanto'"
e que pede para fechar o livro,
se não '"há motivo...
de pranto."
Tais versos "de angústia rouca"
que "dos lábios a vida corre,
deixando um acre sabor na boca"
Cabral de Mello Neto (1920 - Recife - 1999 - Rio de Janeiro), diplomata, de versos áridos como pedra e tristes como o sertão "Esta cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor,
que tiraste em vida.".
Manuel Bandeira (1886 - Recife - 1968 - Rio de Janeiro), tísico, de versos em golfadas, como sangue "Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração."
Basta? Carlos Roberto Husek
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"Não ser ninguém-a-não-ser-você-mesmo,
ResponderExcluirnum mundo que faz todo o possível, noite e dia,para transformá-lo em outra pessoa -
significa travar a batalha mais dura
que um ser humano pode enfrentar;
e, essencialmente, jamais parar de lutar"
E. E. Cummings