quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Latipac - A cidade e seus espelhos


Belém

(destacando Mário Faustino, versos grafados de Poesias Completas)

e mais pronto para a morte,
pressentida e advinhada,
com sua bola de cristal,
Mário, Mário Faustino,
    que tinha especial tino,
    para querer o bem
e prevenir o mal.
"Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela morte."

(destacando João de Jesus Paes Loureiro, versos grafados de "O Círio")

"O Círio vai passando como um rio"
      vai passando como um rio,
      serpenteando como um rio,
      evoluindo como um rio,
      marulhando como um rio,
      arrastando tudo
                  por onde passa,
como um rio, um rio de gente,
            com suas rezas,
            com seus panos,
            com suas preces,
            com seus estribilhos,
            com suas mulheres,
            com seus maridos,
            com seus filhos.

Não temos muito a falar sobre João de Jesus Paes Loureiro, inspirado poeta paraense, porque é daqueles - pepitas de ouro - que brilham na sua comunidade e serão aos poucos descobertos. basta o verso destacado que deu mote à continuidade da poesia sobre o Círio de Nazaré. Sobre Mário faustino, no entanto, algumas palavras: nasceu, na verdade, em Teresina, Piauí, em 20.10.1930 e morreu em Lima, Peru, em novembro de 1962. Destacou-se como jornalista e estudante de Direito em Belém do Pará. Seu livro "O Homem e sua Hora" preocupa-se com temas referentes à pureza, impureza, perdição e salvação, amor e morte, dualidades. Foi um grande intelectual, que sobretudo pensou no fazer poético, na comunicação:

"Para as festas da agonia
Vi-te chegar, como havia
Sonhado já que chegasses:
Vinha teu vulto tão belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Em teu cavalo eu partira
Sem saudade, pena, ou ira;
Teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glória
E pastava-me a memória.
(...)
Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela Morte"

Sua morte prematura não permitiu que este poeta e intelectual pudesse dar uma contribuição maior para as letras nacionais. Certamente alcançaria patamar invejável na literatura brasileira. Carlos Roberto Husek

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