quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A vida alheia...



A
doecemos de palavras,

      que palavras são mortais,
viram armas escravas
           de intrigas sepulcrais,
no diz que diz do dia
                          o vulgo se satisfaz,
e espalham palavras,
             palavras são mortais.

Pobres de amorosidade

         que só enxergam o jogo
de falar por entrelinhas,
         e cultivar pela herdade,
ervas daninhas
                  e frases inoportunas,
que fecundam sozinhas
         um mundo apaixonado
por coisas mesquinhas.

E
de tanto maldizer,
                   e falar por falar,
falam para ofender
                  e para machucar.

Quem cuida da vida alheia

        não cuida de si próprio,
divulga o que não sabe
          no incontrolável vício
desse triste ópio,
       dar notícias sem lastro,
em exercício diuturno,
      de vigiar alheios passos, 
atrás de véus escondidos, 
        assim é a humanidade,
mesquinha e incongruente,
            veste-se de palavras,
que se arvoram decentes,
                 cujos significados
não sabidos,
     orgulham os desavisados
e não vividos.

O
ópio dos desgraçados,
        que ao invés de trabalhar
dedicam-se ao nobre exercício
         de simplesmente fofocar.


Carlos Roberto Husek

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Certeiro e preciso... Só um vasculhador da vida alheia não o admitirá. Parabéns, pelo excelente texto!

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