sábado, 15 de abril de 2017

Yoshime...



Quando o sol japonês
descer devagarinho ao final do dia,
na manhã de 16 de abril de 2017,
                  haverá no céu um brilho
contornando as montanhas,
                  com delicadeza no traço
e cintilação fugaz,
 que irá aos poucos desaparecendo,
tão tênue em sombra,
                        de um cinza azulado,
influenciado pela noite
                                   de 15 de abril,
quando com seus delicados dedos
     a própria Yo entendeu por bem
desligar os aparelhos
                     que a prendiam à vida.

Acho que se depreendeu do corpo
                            com suaves gestos,
e foi levada por mãos amigas,
      fadas que há muito a cercavam,
chamando amorosamente,
    para que ela nãos se admoestasse
e pudesse ainda olhar os seus,
                     com seus olhos miúdos,
e nos brindar com seus passos
                        infinitamente macios.

Fará enorme falta
 como sói acontecer com as lacunas
que não conseguimos cobrir
                                  durante a vida
e por mais que disfarçamos  
                não nos permitem chorar,
chorar como um menino,
                         de tristeza profunda,
porque o dia continua
           e o trabalho - que ela amava -
terá que ter a continuidade estoica
dos que sobrevivem,
                                sem nem pensar
se vale a pena a lida,
                         se vale a pena sorrir.

Yoshime, nome meigo,
          próprio e único, de brandura,
de cordialidade, de gentileza,
        de benevolência e de suavidade
da Yoyo, da nossa Yoyo,
      que deixará, única maldade sua,
um vazio na mesa da ponta,
                           da porta de entrada
do gabinete  do 19o. andar.

"Cadê a bolinha Yo?",
                                   doce Yoshime,
que nos carregará para sempre
                                           o coração,
no céu, certamente encontrará
                              amigos e prazeres
com quem dividirá suas impressões
                                         do dia a dia.

Terão dias e noites os céus,
                    como os daqui da terra?
Não se apresse em descobrir Yo,
                  porque todas as moradas
lhe serão mostradas
  e todas as flores soltarão perfumes
nas suas andanças,
     por vias e prados desconhecidos,
mas acompanhada por seres de luz.

Uma última missão: 
                   leve em seus guardados,
feitos de brisa e de carinho, 
     nossos sorrisos e nossos abraços,
pois estaremos com você. 


Carlos Roberto Husek






2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Linda homenagem à querida Yo, que deixará muita saudade. Bom saber que há pessoas como o dr. Husek com olhos e coração sensíveis ao próximo. Abç, Mercia

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