segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Transeuntes da vida




Às vezes, 
               falamos de coisas
que não são do dia a dia,
 que não são profissionais,
que não representam
     esforços da vida social.


Às vezes
              falamos de coisas
que não dizem respeito
         aos papéis que estão
sobre a mesa.


Às vezes
               falamos de coisas
que não estão nas gavetas,
  que não estão nas pastas,
que não estão arquivados
             nos computadores.


Às vezes
               falamos de coisas
que não necessitam
       de alguma assinatura,
que não especificam
  alguma responsabilidade
contratual, jurídica
              ou administrativa.


Dentro de nós
              existe uma criança


(ainda que adormecida)


que acreditou na vida,
         e acreditou nas cores,
e acreditou nas intenções,
    e acreditou nas palavras,


   (como as palavras são
       difíceis de serem
           entendidas
        e os dicionários
    em nada cooperam
             para isso)


e acreditou nos olhos


(alguns falam, outros se
mostram distantes, outros
constroem muros e se
defendem encarcerando
      a alma livre)


     e acreditou nos sinais,
e acreditou nas magias, 
  e acreditou nos abraços,


 (eis a verdadeira magia), 


e acreditou nos segredos,


   (mantidos invioláveis
    pelos gestos e mínimos
         vocábulos),


 e acreditou nas amizades,

   
     (aquelas que superam
         obstáculos
     e desentendimentos
     e apostam sempre
         nos amigos;
         mas que não 
         se conservam
          quando
       desconfiança)


e acreditou nos ideais,
         e acreditou nos sonhos
além dos horizontes,
                      além das salas
e das paisagens fixadas
                           nas janelas.


Papéis, funções, cargos,


(que ganham dignidade
     à medida que se
        humanizam),


          estamos aquém, além
desse estreito período
      de vida, postos no palco
da eternidade, diante
  das cenas que se seguirem,
em personagens diversos,
            que vestem os atores
de sempre.


Nos intervalos,
       preparamos os trejeitos
e aprimoramos as falas,
 e quando diante da plateia,
no tablado da vida,
                como por encanto,
surgem os diálogos,
           e desandamos a falar,
aparentemente fora
                                  do texto


      (mal lembramos
      o que foi decorado)


O vapor da nossa
            humanidade se evola
acima dos telhados
         das casas e dos prédios.


Tudo a seu tempo
                              se evapora.


Sob a capa de qualquer
        personagem contracena
um ator antigo, repetindo
            as mesmas frases, até
o outro, interlocutor,
        se convencer da história
real e prosseguir.

 
    (eis a beleza da vida
       cujo o teatro não
             termina,
         e não interessa
        o final, mas os
           movimentos,
         uma vez que
             a cortina
         nunca se fecha)


Os aplausos e a felicidade
      são para cada momento!  


Somos transeuntes
     da nossa própria história.




Carlos Roberto Husek 




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