domingo, 1 de dezembro de 2013
Sono sob a pedra
Há um sono sob a pedra,
uma respiração,
um som abafado.
A pedra está íntegra
sobre a grama,
com todos os seus lados,
de mesma textura,
angulosamente postos,
plenos de sombras
e de claridades,
recebendo o sopro
de ventos diversos,
deixando-se embater
sem nenhuma reação.
Não se move
nenhum milímetro.
Há alguns seres
em sua base,
pequenas aranhas,
minhocas
que se escondem,
formigas que sobem
pelas suas paredes,
joaninhas perdidas,
caracóis enrolados,
e um musgo,
umedecido
e esverdeado,
que cria vidas
circundando-a
de efervecentes
microorganismos.
O mundo para sob
sua arquitetura,
sob as fímbrias
de sua abóbada,
e se desenvolve
em probabilidades.
Há uma natureza
que encolhida
não está ligada
ao macrocosmo,
às distância entre os astros
e pouco influência sofre
dos grandes eventos.
Há um sono sob a pedra,
uma respiração,
um som abafado.
Esquecida em seu habitat
a pedra dorme
e os dias passam
incomunicáveis.
Carlos Roberto Husek
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Descanso
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