segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Motivação


     Meu coração
desenterra as cinzas
     e estas grudam
   na ponta do lápis.
Escrevo pela necessidade
  de abortar os mortos.

E os mortos multiplicam-se
   com o passar dos anos,
passam-se sem vida
a viver plenamente
na vida que adubam
com seus corpos
              desaparecidos,
desaparecidos
   com seus olhares,
com suas mãos
que apalpavam
                  amigas
ou que acenavam
                  alegres.

Os mortos vivem
longe de seus corpos
ocupando espaços
  pela eternidade.

Os vivos, como eu,
                    morrem,
na companhia
            destes vivos,
que se revezam
na ponta do lápis,
   no grafite da vida.

A primeira quadra deste pequeno poema é a introdução (Nota) do meu primeiro livo "Metal Invisível", de 2003. De lá para cá crio a vida sobre o que se desfaz. Um eterno contínuo, como ondas de um mar que não teve começo conhecido e nem fim planejado. Carlos Roberto Husek

2 comentários:

  1. Morte pressupõe vida e vice versa. Num pequeno intervalo quanta coisa acontece. Onde é o começo, ou o fim?
    Adorei estes versos " meu coração desenterra cinzas e estas grudam Na ponta do lápis"
    " ....ocupando espaços pela eternidade"
    Profundo!!!!

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  2. Os mortos vivem em nós. Será que vivemos neles?

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