quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Resta


Resta...
Esta é uma palavra
      que resta.
Quando tudo se perde,
ainda resta resta.
Quando a vida
não tem significado,
resta.
Quando a loucura evolui,
resta.
Ainda resta resta.
Há um lugar,
      um sítio,
      um pensar,
para me encontrar,
para te encontrar,
para nos encontrar,
      resta,
resta este lugar.
Quando a política
              involui,
resta.
Quando a comunicação
                      cessa,
resta.
Quando a amizade decai,
resta.
Quando a antipatia
                       sobressai,
resta.
Quando o coração
                     se fecha,
resta.
Quando os olhares
             estão perdidos,
resta.
Quando a ética sucumbe,
resta.
Resta, ainda resta.
       Há um espaço,
        recôndito,
        escuro,
canto, encanto, puro,
resta.
Para fugir de tudo,
fugir do mundo,
resta.
Para amar o impossível,
e ser produtivo
           e vagabundo,
resta este lugar,
resta.
Fim de festa,
resta.
Fim de velório,
resta.
Fim do momento,
resta.
Fim da vitória,
resta.
Fim da derrota,
resta.
Fim da vontade,
resta.
Fim da vida,
resta a morte
com sua despedida.
Fim da despedida,
resta o momento
            de vida.
Fim de uma fase,
resta outra
em frase.
Fim de um discurso,
resta o que fica.
Fim do começo,
resta o início
              do fim.
Fim do fim,
ainda resta o não,
ou a afirmação do sim.
Resta meu abraço,
     no meu braço,
     os meus olhos,
nos meus olhos,
ainda resta.
Resta uma possibilidade
             indefinida,
resta.
Resta recomeçar
                de novo,
resta.
Renascer como um ovo
e desabrochar
como uma rosa,
e criar novos espinhos,
e encetar novas prosas,
e viver novos caminhos,
e beijar novos rostos,
e sentir calafrios,
e entregar-se ao consumo,
do carinho oferecido,
pelo desconhecido
que passa,
e suspirar novos tempos,
e entrelaçar dedos virgens,
e criar flores,
e recriar novas raízes.
Resta,
    resta,
        resta,
ainda resta.
Carlos Roberto Husek.



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